quarta-feira, 18 de junho de 2008
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Sarau do Querô no CEU Butantã
Em sua quarta edição o Sarau do Querô homenageou a escritora Cecília Meireles:
“Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901. Seu pai, Carlos Alberto Carvalho Meireles, era funcionário do Banco do Brasil e faleceu aos 26 anos, 3 meses antes do nascimento de Cecília. Sua mãe, Matilde Benevides, era professora municipal e faleceu quando Cecília tinha apenas 3 anos de idade. A pequena Cecília ficou sob a tutela da avó materna, Jacinta Benevides, única remanescente da família.
De origem açoriana, a avó de Cecília costumava cantar cantigas de sua terra para a neta e contar histórias. Também foi marcante na educação da menina a influência de sua pajem, uma senhora negra que apresentou à Cecília as personagens do nosso folclore.
Após esta breve dissertação, o poeta Paulo Almeida convidou ao palco Camilla Nascimento que leu para o público reminiscências da infância de Cecília Meireles:
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar.
O sarau prosseguiu com o poema da homenageada, Canção da Alta Noite, interpretada por Paulo Almeida.
Alta noite, lua quieta,
Muros frios, praia rasa,
Andar, andar, que um poeta
Não necessita de casa
Acaba-se a noite, o resto
É o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta
Não necessita de sono...
Andar, seus passos perdidos
Na noite também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço
Nem necessita de vida
Andar, enquanto consente Deus
Que seja a noite andada,
Porque o poeta, indiferente,
Anda por andar somente,
Não necessita de nada
Queremos ser tão amados quanto Jorge Amado, sermos tantas pessoas quanto Fernando Pessoa e ter espírito tão grande quanto Mahatma Gandhi, mas eles estão vindo e querem nos transformar em máquinas, máquinas, máquinas...
(Prazer da Vida de Cláudio Laureatti amarrado ao texto “Analfabeto Político” de B. Brecht)
Cecília Pellegrini leu textos de Cecília Meireles de sua literatura dedicada às crianças e Laureatti concluiu este ato introdutório com o poema da autora Sugestão:
Sede assim, qualquer coisa serena,
Fiel, isenta (...)
Abrimos para intervenções livres e em seguida apresentou-se a banda Encanta Realejo, que arrebatou o público de forma delicada e envolvente.
Mais intervenções livres com soneto de Neruda lido por Robson, além da poesia de Pedro Bial recitada por Luiz Fernando de Araújo. Contamos com a apresentação do pequeno Gabriel tocando atabaque. O poema ”Motivo” foi interpretado por Mauro que também estava na platéia.
Almeida recitou trechos de Neruda “As Palavras” extraído da biografia do poeta “Confesso que Vivi” acompanhado por Jerônimo Pinheiro e sua viola encantada. Laureatti concluiu este ato com o poema de sua autoria “Quantas Palavras”..
O Sarau do Querô contou com um público de aproximadamente 70 pessoas.